sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Papel

No mundo em que vivemos todos recebem influências materiais e inevitavelmente ficam sujeitos a quatro tipos de defeitos: ilusão, erros, percepção defeituosa e limitada dos sentidos e propensão a enganar os outros. Infelizmente, não é incomum constatar pessoas manifestando um ou mais desses defeitos de uma só vez. Desse modo, uma pessoa nessa condição defeituosa só poderá adquirir conhecimento limitado e imperfeito. No entanto, os Vedas afirmam que, além de serem a fonte original de todo o conhecimento, seus textos são sagrados e de origem supramundana, não possuindo nenhum desses defeitos, já que foram transmitidos pela Pessoa Suprema − uma fonte completamente transcendental.
O receptor original desse conhecimento foi o primeiro ser vivo, o Senhor Brahma, o qual existia antes mesmo da criação material. Brahma foi dotado de poder pelo Senhor para criar o mundo material com o propósito de dar uma nova oportunidade às almas condicionadas que não alcançaram a liberação na criação anterior. Depois de cumprir essa missão, Brahma transmitiu o conhecimento védico ao sábio Narada, que, por sua vez, o transmitiu a seu discípulo Vyasadeva, o qual, com o propósito de preservá-lo, registrou-o na forma literária.
Uma vez que os Vedas têm como propósito último fornecer conhecimento sobre autorrealização espiritual, seus temas são compreendidos apenas por pessoas com excepcionais qualidades. Por esse motivo, no início da era de Kali o grande sábio Vyasa dividiu os Vedas em vários ramos, tornando esse conhecimento acessível às pessoas comuns e menos inteligentes. Especialmente para essa classe de pessoas, ele preparou o Mahabharata, uma compilação admirável repleta de histórias que prendem a atenção de qualquer um, e dentro do Mahabharata incluiu a essência do conhecimento védico na forma da Bhagavad-gita. É um fato que as pessoas comuns se interessam muito mais por histórias fascinantes do que por filosofia profunda. Assim, através do Mahabharata Vyasadeva quis atrair a atenção dos leitores com a incrível história da disputa pelo trono entre as dinastias Kaurava e Pandava. Sua estratégia é que, no momento mais crítico da história – exatamente quando a Batalha de Kurukshetra está por começar –, Krishna entra em cena e transmite Sua mensagem maravilhosa na forma da Bhagavad-gita. Na verdade, toda a envolvente trama política do Mahabharata não passa de um arranjo divino para prender a atenção dos leitores para que Krishna derrame um oceano infinito de instruções sublimes sob a forma da Bhagavad-gita, a nata dos Vedas.
As próprias escrituras védicas não se cansam de enaltecer as qualidades singulares da Bhagavad-gita. Isso porque a Gita emanou diretamente da boca da maior autoridade em conhecimento, Sri Krishna, que é glorificado nos Vedas como Mahaprabhu, o mestre espiritual supremo; e Purushottama, a maior dentre todas as personalidades. Assim, ao compreender que a Bhagavad-gita é uma manifestação da ilimitada bondade de Krishna (que apresenta a essência de todo o conhecimento védico em apenas 700 versos), os estudiosos védicos recomendam que sejamos entusiastas em ler e estudar essa grande escritura. É um fato que nesta era atual ninguém é verdadeiramente qualificado para estudar toda a imensidão dos textos védicos, tais como os Puranas, Upanishads, Vedanta-sutra, etc. Mas simplesmente estudando a Bhagavad-gita uma pessoa poderá se elevar ao estado de sabedoria e iluminação transcendental. Basta que ela seja fiel e tenha o desejo sincero de compreender o tema de como se livrar das garras da existência material e alcançar uma existência eterna e plena de felicidade.

Um comentário:

  1. Agindo com a consciência de Krishna o homem estará livre da contaminação material, pois, a potência do transcendente vai suprimindo a potência material.

    A consciência de Krishna vai iluminando o ser, que passa a viver no mundo material e convivendo com aspectos materiais e vivendo de forma espiritual.

    Com a vida devota, a consciência e a misericórdia de Krishna e o auxílio de um guru o homem chega a plenitude da eternidade.

    Hare Krishna!

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