sábado, 7 de fevereiro de 2009

Primeiras Instruções


Sri Krishna, o mestre espiritual supremo, diz a Árjuna: “Meu querido Árjuna, se Me queres como teu mestre espiritual, então dar-te-ei Minha primeira instrução: torna-te um verdadeiro sábio e não te lamentes desnecessariamente!”.

Isso é extremamente significativo. Lamentação e vida espiritual definitivamente não combinam. De um modo geral, a lamentação é um sinal evidente de ignorância acerca do verdadeiro eu. Pelo controle supremo, as diferentes almas são lançadas em diferentes corpos, onde terão de existir por um período específico de tempo. Pelo controle supremo, tais almas terão de abandonar no momento certo seus respectivos corpos e obterão, de uma maneira impecavelmente justa, os resultados de suas atividades. Qual é, então, a necessidade de lamentação? Como ficará cada vez mais claro durante o estudo desta obra, a alma é eterna e sempre existente. A morte é um simples conceito material, relativo apenas ao corpo físico, uma mera cobertura temporária da alma. Por isso, Árjuna não deveria dar tamanha importância à condição do corpo material. Isso estava acarretando um esquecimento acerca do verdadeiro eu, a alma espiritual, resultando em desnecessária lamentação. Nos dias de hoje, a civilização humana carece desse conhecimento espiritual e, como Árjuna, foi mordida pela serpente da lamentação, cujo veneno se expande em todos os setores da sociedade. Na verdade, a condição corpórea é lamentável por ser completamente incompatível com a natureza eterna da alma. Logo que nasce, o corpo terá de gradualmente atingir as fases de doença, velhice e morte. Concluindo, a identificação corpórea é uma fonte de lamentação que tem como consequência a intolerância e a instabilidade emocional. No entanto, ao compreender sua natureza eterna e utilizar o corpo material exclusivamente como um instrumento para a autorrealização espiritual, a pessoa livra-se das dualidades concernentes à vida material, aprende a tolerar as adversidades deste mundo e não se perturba diante dos reveses da vida. Certamente, tal pessoa pode alcançar completa liberação mesmo estando em contato com o corpo material, posto que suas atividades corpóreas não mais a afetarão. Isso significa que, mesmo que seu corpo aja movido pela reação às suas atividades passadas, a Suprema Personalidade de Deus passa a cuidar pessoalmente de tal alma liberada. Por exemplo, mesmo depois de desligado, o ventilador elétrico continua girando por algum tempo. No entanto, esse giro não se deve à corrente elétrica, mas à continuação do último movimento. Em outras palavras, embora uma alma liberada pareça estar agindo tal qual uma pessoa comum, suas ações não passam de continuação das atividades passadas.

Kurus e Pândavas

Vyasadeva era um sábio muito famoso e poderoso que levava uma vida retirada, praticando austeridades e penitências nas montanhas dos Himalayas. Com sua bênção, da união de Dhritarastra e Gandhari nasceram cem filhos, encabeçados pelo malévolo Duryôdhana, enquanto Pându teve cinco filhos com suas esposas, os quais ficaram famosos como Pândavas. Embora fosse mais velho do que Pându, Dhritarastra foi excluído da herança do reino devido à sua cegueira. Desse modo, Pându foi coroado rei. No entanto, seu reinado durou muito pouco, e, antes mesmo de ter filhos, Pându recebeu a terrível maldição de que seria morto no momento em que se entregasse ao ato sexual. Desse modo, Pându abandonou o reino e, acompanhado de suas duas esposas, foi viver na floresta executando austeridades. Vendo que novamente a dinastia estava ameaçada, uma de suas esposas, a gloriosa Kunti Devi, revelou que havia recebido a bênção do grande sábio Durvasa Muni de invocar qualquer semideus que desejasse para, desse modo, gerar filhos com ele. Portanto, a pedido de Pându, Kunti foi capaz de gerar três filhos gloriosos. Primeiro Kunti invocou Dharma, o semideus da religião, gerando assim um virtuosíssimo filho. Logo que nasceu, uma voz divina disse: “Esta criança será chamada Yudhisthira e será gloriosa, determinada, renunciada e famosa nos três mundos!”. Pându desejava também um filho com grande força física. Portanto, Kunti invocou Vayu, o semideus do vento. Tendo se unido com ele, uma criança muito poderosa foi gerada. Ao nascer, a mesma voz sobrenatural disse: “Esta criança será o mais forte dentre os homens!”. Em seguida, Kunti invocou Indra, o rei dos céus, e concebeu mais uma linda criança. Dessa vez, a voz celestial vibrou: “Ó Kunti, esta criança será tão forte como Kartavirya e Shibi, e, como o próprio Indra, será invencível na batalha. Sua fama espalhar-se-á por todos os lugares e ele obterá armas divinas”. Subsequentemente, Madri, a segunda esposa de Pându, gerou dois filhos: Nakula e Sahadeva. Esses cinco filhos – Yudhisthira, Bhima, Árjuna, Nakula e Sahadeva – ficaram conhecidos como Pândavas.
Desde a época em que Pându havia se retirado para a floresta, Dhritarastra assumira temporariamente o reino, até que Yudhisthira, o filho mais velho de Pându, atingisse idade apropriada para reinar. Entretanto, como resultado da maldição que havia recebido, Pându morreu antes que Yudhisthira fosse entronizado e os cinco Pândavas acabaram ficando sob os cuidados de Kunti Devi, uma vez que Madri havia renunciado sua vida, entrando na pira funerária juntamente com seu esposo. Depois disso, os Pândavas foram levados para Hastinapura, onde foram criados à maneira real sob os cuidados de Dhritarastra.
Portanto, como depois da morte de seu pai os Pândavas viveram sob o completo abrigo de Dhritarastra, eles também deveriam ser considerados filhos diretos de Dhritarastra. No entanto, fica bastante explícito aqui no começo da Bhagavad-gita que, infelizmente, Dhritarastra limitava seu interesse apenas a seus filhos, não se considerando responsável pela proteção dos filhos de seu irmão Pându. Em condições normais, tal comportamento por parte de Dhritarastra não fazia o menor sentido, uma vez que tanto seus filhos quanto os filhos de seu falecido irmão sempre viveram juntos no mesmo palácio, onde estudaram e aprenderam as ciências militares, políticas, etc.
O verdadeiro problema era que a cegueira de Dhritarastra também se manifestava na sua vida prática. Especialmente seu filho mais velho, Duryôdhana, havia herdado dele essa mesma cegueira e não queria conviver amistosamente com seus primos-irmãos, os Pândavas. Ele não conseguia tolerar o fato de que seus primos, encabeçados por Yudhisthira, deveriam ser coroados como sucessores do reino dos Kurus. Sedentos de poder, os invejosos filhos de Dhritarastra criaram uma situação insustentável, a qual acabou culminando na grande Batalha de Kurukshetra.
É importante verificarmos a grande preocupação de Dhritarastra pelo resultado dessa batalha. Em seu íntimo, ele podia compreender que a tentativa de seus filhos de usurparem o reino de seus primos era ilícita e, por conseguinte, estava destinada ao fracasso. Ao citar que a batalha aconteceria em Kurukshetra, um lugar de peregrinação, ele estava indiretamente perguntando a seu secretário, o místico Sañjaya, se a influência do lugar favoreceria os Pândavas, que eram seguidores estritos do dharma. Como resposta, Sañjaya inicia a descrição da situação no campo de Kurukshetra, transmitindo primeiramente o diálogo entre Duryôdhana e seu mestre de armas, Dronacharya.
Como um materialista cobiçoso e obstinado, Duryôdhana estava pensando que a força de seu exército era superior. Ele não podia compreender que o fato de Krishna estar ao lado de Árjuna definia completamente a vitória para o lado dos Pândavas, os quais, além de altamente qualificados, se sentiam plenamente dependentes e confiantes na misericórdia do Senhor.

A Batalha

Um fator importante a ser ressaltado é o cenário específico que o Senhor Krishna escolheu para transmitir Suas instruções transcendentais: o Campo de Batalha de Kurukshetra. Por que, para expor a ciência eterna da alma, o Senhor valeu-se de uma situação tão dramática, onde, nos momentos seguintes, aconteceria uma guerra violenta com milhões e milhões de vítimas?...
Quando se fala em batalha, se fala em mortes, ou seja, a perda do próprio corpo. Portanto, Árjuna representou a situação de uma pessoa que, diante da possibilidade da morte, se entrega a sentimentos de apego excessivo ao próprio corpo e aos corpos ligados a ele, manifestando assim grande sofrimento e temor. De qualquer modo, a experiência dolorosa do contato com a misteriosa morte serviu para que o interesse de Árjuna pelo conhecimento espiritual viesse à tona. De fato, não resta a menor dúvida de que, enquanto experimenta uma condição de felicidade e conforto materiais, uma pessoa comum não irá buscar conhecimento espiritual. Entretanto, para uma pessoa piedosa, quando lhe acontece alguma calamidade ou quando sente que a morte se aproxima, não lhe resta outra alternativa a não ser se refugiar no Senhor. Desse modo, muito embora este mundo material seja um lugar cercado de constantes perigos e perplexidades, a pessoa inteligente encara isso como uma excelente oportunidade para que se cumpra o propósito da vida humana e se progrida em compreensão espiritual. O fato de a Bhagavad-gita ter sido falada num campo de batalha também serve como uma indicação clara de que todos podem receber instruções transcendentais e colocá-las em prática em qualquer momento, local ou circunstância. Em outras palavras, se Árjuna foi capaz disso num local tão aparentemente inapropriado e praticou yoga e meditação mesmo enquanto lutava fortemente no campo de batalha, que dizer daquele que vive numa condição muito mais simples e tranquila?
O dilema de Árjuna envolvia três considerações: seu compromisso como guerreiro, sua posição delicada de ter de enfrentar parentes e benquerentes no exército adversário e a presença todoauspiciosa de Krishna no campo sagrado de Kurukshetra. Como um guerreiro, Árjuna simplesmente deveria prosseguir com firmeza na batalha e cumprir seu dever. À medida que se estuda a Bhagavad-gita entende-se claramente que a batalha entre Árjuna e seus primos não girava em torno simplesmente de interesses materiais. Tratava-se de uma verdadeira batalha entre o bem e o mal, o divino e o demoníaco. Por representar a natureza divina, a vitória do exército de Árjuna traria benefícios auspiciosos não só para as pessoas da época, mas também para as futuras gerações. Portanto, como general responsável pelo exército das pessoas divinas, Árjuna estava completamente protegido pelo dharma e, em nenhum momento, incorreria em pecado.
A segunda consideração é ainda mais delicada. Árjuna teria de se confrontar com vários benquerentes e membros queridos de sua família que estavam no exército oponente. Como poderia ele conciliar os seus deveres de guerreiro com seus sentimentos amorosos baseados nos laços familiares? Como um devoto do Senhor, Árjuna era repleto de qualidades santas, como o desapego, o perdão, a compaixão, etc., e, assim, preferia desistir da luta e abandonar seu compromisso como guerreiro a matar seus benquerentes. Do ponto de vista da posição de um devoto, essa atitude pacífica e mansa de Árjuna é considerada louvável. Entretanto, do ponto de vista de quem tem o compromisso de proteger toda a sociedade humana sua atitude era considerada um ato de covardia. Isso nos mostra que os deveres perante toda a sociedade humana devem ser colocados sempre acima dos interesses pessoais familiares. Especificamente nesse caso, o compromisso de proteger a sociedade das mãos de um governo demoníaco definitivamente deveria ser colocado em primeiro plano na escala de valores sociais.
Finalmente, a presença de Sri Krishna ao lado de Árjuna transformava a batalha numa atividade completamente transcendental, o que esclarece definitivamente que a condição aflitiva de Árjuna não se justificava. Krishna é considerado o pai e protetor eterno do dharma. Portanto, Sua presença auspiciosa e Suas instruções garantiam a liberação última para qualquer guerreiro que fosse sacrificado em nome do dharma.
Concluindo, as sublimes instruções de Krishna na Gita são atemporais e de aplicação geral. Elas servem para qualquer um, em qualquer época ou lugar, e, ainda hoje, qualquer pessoa inteligente e humilde que as leia pode obter a mesma iluminação que Árjuna obteve ao ouvir a Bhagavad-gita e será tão beneficiada como ele, o qual estava na presença pessoal de Krishna. Na realidade, pelo fato de se situarem na plataforma absoluta, as instruções de Krishna não são diferentes dEle. É claro que, do ponto de vista material, a associação entre uma pessoa e outra depende do contato pessoal físico. Mas a situação é diferente no que diz respeito à associação espiritual. Na verdade, Krishna transmitiu a Gita, a qual foi registrada pelo grande sábio Vyasadeva, para que todos tenham a oportunidade de receber Suas instruções mesmo que Ele esteja fora do alcance da visão material. Como ficará claro ao longo desta obra, o Senhor possui poderes inconcebíveis, e, por ser uma de Suas energias, a energia material pode ser espiritualizada pelo Seu divino desejo. Desse modo, uma escritura como a Bhagavad-gita é uma representação sonora autêntica do Senhor e é especialmente destinada à percepção sensorial que possuímos neste momento.

O Cenário

Considera-se a Bhagavad-gita como o primeiro livro de valores espirituais. Sua função é primeiramente elevar a consciência do estudante a fim de lhe dar condições para que inicie o estudo da filosofia Vedanta e, posteriormente, conduzi-lo ao sanatana-dharma, a ocupação no serviço amoroso ao Senhor.
Segundo os Vedas, o cosmo material se manifesta em ciclos de quatro eras: Satya, Treta, Dvapara e Kali. A era de Satya é caracterizada pelas boas virtudes. Sob o seu influxo, todos os seres humanos que vivem na Terra são repletos de qualidades divinas. Na era de Treta, há um declínio das virtudes e a Terra passa a abrigar ao mesmo tempo seres divinos e demoníacos. Na era de Dvapara, o aumento da irreligião e da impiedade se acentua a ponto do divino e do demoníaco passarem a viver na mesma família. Finalmente, na era de Kali, ou era das trevas, há um predomínio total de irreligião, hipocrisia e desavenças, e as naturezas divina e demoníaca habitam lado a lado no mesmo corpo.
Desse modo, foi há cinco mil anos, entre o final da era de Dvapara e o começo da era de Kali, que Sri Krishna veio a Terra e transmitiu a Árjuna o sublime conhecimento contido na Bhagavad-gita, removendo, assim, todas as suas dúvidas, ansiedades e lamentações. O cenário da Bhagavad-gita foi o campo sagrado de Kurukshetra, minutos antes da batalha mais violenta já registrada na história dos últimos tempos. Naquela época, a Terra e seus habitantes eram atormentados pela influência perturbadora de indivíduos materialistas e cobiçosos. Assim, como é confirmado no capítulo quatro dessa mesma obra, em tais situações o próprio Krishna sempre desce a este ou a qualquer outro planeta para eliminar os elementos indesejáveis e proteger diretamente as pessoas piedosas.
Como um eterno companheiro de Krishna, o guerreiro Árjuna está sempre fora da ilusão. Deve-se compreender, portanto, que ele foi colocado em ilusão pessoalmente pelo Senhor, que desejava transmitir os ensinamentos da Bhagavad-gita para as futuras gerações. Desse modo, ao representar o papel de uma pessoa absorta em sofrimento material e formular perguntas relevantes sobre os verdadeiros problemas da vida, Árjuna ajuda a compreendermos os mistérios mais intrigantes da nossa condição humana. Em outras palavras, Árjuna ilustra a condição daqueles que, influenciados pela existência material, são forçados a conviver com frequentes ansiedades e temores.
No começo da Bhagavad-gita, Árjuna demonstra sua humildade ao admitir sua incapacidade de solucionar os problemas que surgiram diante dele no Campo de Batalha de Kurukshetra. Abrigando-se nas divinas instruções de Krishna, ele gradualmente tem suas dúvidas e fraquezas removidas e se ilumina plenamente. A lição a se aprender é que, assim como Árjuna, ninguém tem a capacidade de encontrar as devidas soluções para os problemas que surgem na vida (independentemente do nível de educação ou inteligência que se possa ter), pois a vida prática é como o campo de Kurukshetra, onde a batalha entre o bem e o mal acontece a todo instante. Portanto, Árjuna mostra que se alguém quiser ser um vencedor da grande batalha que ocorre internamente, ele terá de se armar com o conhecimento transcendental da Bhagavad-gita, o qual se destina a todo guerreiro espiritual.

O Papel

No mundo em que vivemos todos recebem influências materiais e inevitavelmente ficam sujeitos a quatro tipos de defeitos: ilusão, erros, percepção defeituosa e limitada dos sentidos e propensão a enganar os outros. Infelizmente, não é incomum constatar pessoas manifestando um ou mais desses defeitos de uma só vez. Desse modo, uma pessoa nessa condição defeituosa só poderá adquirir conhecimento limitado e imperfeito. No entanto, os Vedas afirmam que, além de serem a fonte original de todo o conhecimento, seus textos são sagrados e de origem supramundana, não possuindo nenhum desses defeitos, já que foram transmitidos pela Pessoa Suprema − uma fonte completamente transcendental.
O receptor original desse conhecimento foi o primeiro ser vivo, o Senhor Brahma, o qual existia antes mesmo da criação material. Brahma foi dotado de poder pelo Senhor para criar o mundo material com o propósito de dar uma nova oportunidade às almas condicionadas que não alcançaram a liberação na criação anterior. Depois de cumprir essa missão, Brahma transmitiu o conhecimento védico ao sábio Narada, que, por sua vez, o transmitiu a seu discípulo Vyasadeva, o qual, com o propósito de preservá-lo, registrou-o na forma literária.
Uma vez que os Vedas têm como propósito último fornecer conhecimento sobre autorrealização espiritual, seus temas são compreendidos apenas por pessoas com excepcionais qualidades. Por esse motivo, no início da era de Kali o grande sábio Vyasa dividiu os Vedas em vários ramos, tornando esse conhecimento acessível às pessoas comuns e menos inteligentes. Especialmente para essa classe de pessoas, ele preparou o Mahabharata, uma compilação admirável repleta de histórias que prendem a atenção de qualquer um, e dentro do Mahabharata incluiu a essência do conhecimento védico na forma da Bhagavad-gita. É um fato que as pessoas comuns se interessam muito mais por histórias fascinantes do que por filosofia profunda. Assim, através do Mahabharata Vyasadeva quis atrair a atenção dos leitores com a incrível história da disputa pelo trono entre as dinastias Kaurava e Pandava. Sua estratégia é que, no momento mais crítico da história – exatamente quando a Batalha de Kurukshetra está por começar –, Krishna entra em cena e transmite Sua mensagem maravilhosa na forma da Bhagavad-gita. Na verdade, toda a envolvente trama política do Mahabharata não passa de um arranjo divino para prender a atenção dos leitores para que Krishna derrame um oceano infinito de instruções sublimes sob a forma da Bhagavad-gita, a nata dos Vedas.
As próprias escrituras védicas não se cansam de enaltecer as qualidades singulares da Bhagavad-gita. Isso porque a Gita emanou diretamente da boca da maior autoridade em conhecimento, Sri Krishna, que é glorificado nos Vedas como Mahaprabhu, o mestre espiritual supremo; e Purushottama, a maior dentre todas as personalidades. Assim, ao compreender que a Bhagavad-gita é uma manifestação da ilimitada bondade de Krishna (que apresenta a essência de todo o conhecimento védico em apenas 700 versos), os estudiosos védicos recomendam que sejamos entusiastas em ler e estudar essa grande escritura. É um fato que nesta era atual ninguém é verdadeiramente qualificado para estudar toda a imensidão dos textos védicos, tais como os Puranas, Upanishads, Vedanta-sutra, etc. Mas simplesmente estudando a Bhagavad-gita uma pessoa poderá se elevar ao estado de sabedoria e iluminação transcendental. Basta que ela seja fiel e tenha o desejo sincero de compreender o tema de como se livrar das garras da existência material e alcançar uma existência eterna e plena de felicidade.